Como controlar ou lidar com o meu ciúmes ou o ciúmes do meu parceiro (a)?

“Como ciumento sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo de sê-lo, porque temo que meu ciúme machuque o outro, porque me deixo dominar por uma banalidade: sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”. Roland Barthes.

Antes de saber como controlar ou lidar com o ciúmes que você ou o seu parceiro(a) sente, é preciso saber exatamente o que é esses sentimento e as suas diversas possibilidades de causas, que podem ainda, ser mescladas em diferentes proporções para cada tipo de pessoa e situação.

O que é ciúmes?

O ciúme é um conjunto de emoções  negativas desencadeadas por pensamentos de  alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado.  As definições de ciúme variam bastante, mas todas costumam ter três elementos em comum:
a) reação a uma ameaça percebida/imaginada;
b) por uma pessoa real ou imaginária (= “rival”)
c) a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado:  não olhe, não fale, vou ficar de cara amarrada, vou soltar a sua mão, vou me “vingar”, etc.

Existem também 3 tipos de ciúmes: o normal, o projetado e  o patológico(delirante). Quando se ama ou se deseja, a vontade pode ser de que você, amante, seja o único objeto amado e desejado pelo parceiro. E quando, por um mínimo detalhe, vem à tona a sensação de que essa condição possa ser perdida, pode surgir o ciúme. Podemos também, enxergar o ciúme como condição normal de toda relação, desde que seja contextualizado. O ciúme pode ser também surgir com base em uma projeção, ou seja, a pessoa ciumenta sente que pessoa que causou seu ciúmes é realmente mais interessante ou atraente que ela e então projeta esse pensamento no parceiro, acreditando que é ele(a) quem sente essa atração. Em outros casos o ciúmes surge de uma maneira ilógica e doentia, com situações imaginadas e criadas sem quaisquer evidências reais : este seria o ciúmes patológico. Nesse tipo de ciúmes, os ciumentos desconfiam de qualquer comportamento pois ficam em uma constante busca por evidências e confissões que confirmem suas suspeitas e, ainda que não confirmadas por provas reais, essa inquisição permanente, ao invés de paz, traz mais dúvidas ainda .

Como saber se o ciúme é normal ou está passando dos limites
Nem todo ciúmes pode ser ter bases na realidade: muitas vezes são cenas  imaginadas, formuladas a partir  de sua insegurança e medo de ser abandonado. Mas existem algumas perguntas que o ciumento pode se fazr para identificar a normalidade dessa sua emoção:
Qual é o tamanho do meu sofrimento? Consigo dar continuidade às atividades do dia a dia sem ser absorvido pelos ciúmes que sinto?
Do que ou de quem exatamente eu desconfio? Essas “cenas imaginadas” e desconfiança tem alguma mínima probabilidade de estarem acontecendo ? Tenho realmente motivos para desconfiar do meu parceiro(a)?  Quanto o ciúme tem atrapalhado meu relacionamento?

Causas possíveis

  • Insegurança ocasional: acreditar, por atitudes do parceiro ou por imaginação própria, que se tornou sem importância, insignificante para o ser amado; e que os outros, com quem passa a rivalizar, assumem posições mais favorecidas: são olhados e desejados (ou se não o são, ao menos, tem mais “potencial” para o serem). Podem surgir em uma fase específica: engravidei, engordei, fiquei careca, perdi o emprego, etc. . Podem surgir devido a algum comportamento do parceiro ( ficar olhando ou conversando durante um tempo “que eu considero acima do normal”com alguém que “eu imagino que ele(a) considere interessante/bonito(a), etc). Esses pensamentos/imaginações podem ou não ter base na realidade…
  • Insegurança por experiências passadas: Os ciúmes também podem ser causados por alguma experiência (episódio de traição/infidelidade) já vivida anteriormente com o parceiro(a) atual, com o parceiro(a) anterior ou até  devido a casos ocorridos na família ( principalmente pais ou até irmãos).
  •  Dependência afetiva: parceiro tem dependência extrema da relação afetiva ( mais da relação do que das pessoas) e que por isso, cobra ter atenção e afeto exclusivos da pessoa da qual depende.
  • Baixa autoestima: uma insegurança constante , falta de valorização de si mesmo, que causa a sensação de que as outras pessoas são mais merecedoras do desejo e olhar do parceiro.

Como controlar ou lidar com o ciúmes meu ou do meu parceiro(a)?

Éimportante ressaltar que nos casos de ciúmes, AMBOS os parceiros terão que dialogar e entrar em um acordo, pois o ciúmes,  sempre incomoda os dois lados e é possível, também, que em alguns casos, haja a contribuição de ambos. Essas sugestões servem apenas para o tipo de ciúmes considerado normal. Para os ciúmes patológicos recomenda-se terapia individual.

Para cada causa há uma ação a ser tomada.

 CIÚMES POR INSEGURANÇA OCASIONAL ou POR BAIXA AUTOESTIMA

Os passos abaixo poderão auxiliar tanto nos ciúmes que são causados por atitudes do parceiro como pelos ciúmes causados por imaginação própria.

1. Identificar quais comportamentos do parceiro causam as emoções negativas: anotar todos os comportamentos que já as causaram e também os que você imagina que poderiam causá-las).
2. Esclarecer as equivalências de cada um: esclarecer ao parceiro cada uma dessas associações (comportamentos dele x sentimentos) para que ele possa dizer o que pensa disso e também possa saber o que poderia modificar para não lhe causar essas emoções negativas. Você deve ser bem claro(a) em relação a qual comportamento causa cada tipo de emoção e por quê.
3. Trocar os papéis: criar exemplos em que o parceiro ciumento possa se colocar no seu lugar(exatamente na mesma situação) e então questionar se ele(a) interpretaria/sentiria a o que ele(a) “pensa que você sente”.
4. Negociar: ambos deverão dialogar e entram em um acordo sobre quais esforços ambos estarão dispostos a fazer para mudar alguns comportamentos

* Lembrando que esses passos funcionam apenas em caso de ciúmes normal e não patológico.

Caso 1

IDENTIFICAR COMPORTAMENTOS

ESCLARECER EQUIVALÊNCIAS

Seu Comportamento

Minha equivalência

Esposa : “Quando você olha por um pouco mais de tempo para uma mulher atraente…/fica conversando muito tempo com uma amiga.

 

sinto como se você estivesse a desejando, como se quisesse “ir para cama” com ela. Nesse momento me sinto feia,  chata, não desejada e preterida por você”.

 

Meu Comportamento

Minha equivalência

Marido: “Quando eu olho um pouco mais para uma mulher atraente…

faço apenas por que/ para mim isso significa apenas que… a beleza realmente atrai olhares de qualquer pessoa”.

 

TROCAR PAPÉIS

Marido: “Quando você vê um homem que realmente acha atraente (da mesma forma como você pensa que eu acho das mulheres que olho), o que você sente por ele? Você pensa que gostaria de ir para a cama com ele ou que eu em como eu sou menos desejável e atraente do que ele?”

Esposa: “…”

 

NEGOCIAR

Marido: “Quando eu olho um pouco mais para uma mulher atraente é apenas por que a beleza realmente atrai olhares de qualquer pessoa, mas… como agora sei que isso faz você se sentir desvalorizada, irei me esforçar para olhar rapidamente e não te causar mais essa sensação”.

Esposa: “Como agora eu compreendo melhor que quando você olha não significa que está de fato a desejando ou pensando em ir para a cama com elas, vou procurar ser mais tolerante quando ver isso acontecer novamente, desde que você procure se esforçar, também irei me esforçar”.

Caso 2

IDENTIFICAR COMPORTAMENTOS

ESCLARECER EQUIVALÊNCIAS

Seu Comportamento

Minha equivalência

Marido: “Quando você elogia o comportamento de outro homem na minha frente…

 

sinto -me desvalorizado por você, como se você não percebesse tudo que faço para te agradar. Sinto como se os outros sempre fosse melhores do que eu”.

 

Meu Comportamento

Minha equivalência

Esposa: “Quando elogio outros homens na tua frente…

 

faço apenas por que/ para mim isso significa apenas que… estou querendo mostrar para você o quanto valorizo algum comportamento e como gostaria que você começasse a agir dessa forma, isso não significa que acho eles melhores do que você, até porque é você a pessoa que eu amo. É apenas uma indireta, uma sugestão.”

 

TROCAR PAPÉIS

Esposa: “Quando você elogia uma mulher ou pensa que ela realmente tem virtudes (da mesma forma como você pensa que eu acho dos homens que elogio), o que você sente por elas? Você pensa eu tenho menos valor que elas ou que as coisas que eu faço por você não tem muito valor”?

Marido: “…”

 

NEGOCIAR

Marido: “Quando eu elogio um homem tento mostrar a você os comportamentos que eu valorizo mas… como agora sei que isso faz você se sentir desvalorizado, irei me esforçar para dizer os comportamentos que valorizo diretamente para você, e não dando esse tipo de indireta”.

Marido: “Como agora eu compreendo melhor que quando você elogia outro homem não significa que está de fato desvalorizando a minha pessoas ou os meus comportamentos em relação a eles , vou procurar ser mais tolerante quando ver isso acontecer novamente, desde que você procure se esforçar, também irei me esforçar”.

CIÚMES POR DEPENDÊNCIA AFETIVA

Nos casos de dependência afetiva o parceiro tem dependência mais da relação afetiva  do que da pessoa com quem se relaciona e por isso cobra atenção e afeto exclusivos da pessoa amada. Os “ataques” de ciúmes, nesses casos, costumam ser muito intensos e frequentes e são sentidos não apenas devido a ameaças sentidas por pessoas do mesmo sexo, mas também por amigos, parentes e até pelo trabalho ou hobbies da pessoa amada. Nesses casos, o ciúmes pode ser ou não patológico, mas em qualquer uma dessas situações, é recomendada a terapia individual.

Como lidar com o parceiro ciumento

Busque seguir os passos sugeridos para todas e quaisquer tipos de emoções que o parceiro ciumento possa sentir. Preste muita atenção também se você não procura fazer co que ele(a) sinta ciúmes, pois muitas pessoas percebem o ciúmes do outro como um reforço do sentimento de ser amado e, portanto, acabam causando, de forma inconsciente ou até consciente, situações que despertam o ciúmes no outro.

Caso você perceba que possa fazer isso de vem e quando, procure outras formas de reforçar o sentimento de ser amado, caso contrário os constantes conflitos causados por essas situações poderão ter o efeito contrário do que você deseja: o seu parceiro poderá se cansar da insegurança que você causa dele e o acúmulo de emoções negativas poderá minar o sentimento de amor que ele(a) sente por você. Então se você percebe que às vezes se comporta dessa maneira, procure mudar esse comportamento o quanto antes.

Caso você perceba que não faz nada disso mas ainda assim seu parceiro(a) sente muito ciúmes, além dos passos acima e também de avaliar se não é caso de um distúrbio emocional ( ciúmes patológico ou dependência afetiva excessiva), procure modificar alguns comportamentos para deixá-lo(a) mais seguro(a) em relação ao seu afeto e fidelidade.

Perguntar diretamente a ele(a), o que você faz, nunca fez ou deixou de fazer para que ele(a) tenha a impressão de se sentir menos amado(a). Apenas o ato de buscar ter conversa franca, aberta e atenciosa, por si só,  já começará a ajudá-lo(a) a perceber o quanto você se importa e o quanto está disposto(a) a melhorar a relação de vocês. E esta é uma conversa essencial para qualquer relacionamento, pois com certeza as respostas dele(a) te trarão muitas surpresas e você terá diversas revelações sobre pequenas atitudes que você nem imaginava que tinham o poder fazer uma diferença tão grande.  E assim ao tomar algumas dessas atitudes, você poderá fortalecer ainda mais o amor que vocês sentem um pelo outro, deixando ambos mais protegidos contra eventuais sentimentos de insegurança na relação. Lembre-se de que sempre vale a pena lutar por quem você ama! E lembre-se que, na realidade, essa “pessoa que você ama” não é uma, mas duas: o seu parceiro(a) e principalmente, você mesmo(a)!

Sobre a profissional
Cintia Fernandes | Terapeuta de Casais. Psicóloga especializada em Terapia de Casais. Atendimento presencial (consultório em Curitiba) ou online. Atendimento de Casais e de Adultos Individual. Parceria com Babá (caso necessário, possuo parceria com uma babá para cuidar dos seus filhos durante a sessão, e no mesmo local do atendimento - na recepção que fica dentro do consultório, com uma caixa de brinquedos). A recepção ficará trancada e a chave ficará apenas comigo, de forma que ninguém possa entrar ou sair, garantindo assim a segurança dos seus filhos e a sua tranquilidade). Graduação em Psicologia pela PUCPR - 2005. Formação em Terapia Sistêmica de Casais – Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família – INTERCEF. Formação em Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia Cognitiva - NYC Institute for Schema Therapy. Curso de Terapia de Casais – Centro de Estudos Avançados de Psicologia – CEAP. Atendimento com abordagem multidisciplinar, incluindo as duas abordagens consideradas mais eficientes para a Terapia de Casais: a Cognitivo-comportamental e a Terapia do Esquema, incluindo alguns conceitos da Teoria do Apego, da Gestalt , da Psicologia Sistêmica e da Psicologia Analítica. Idealizadora e criadora do método "MASP Choices", que associa a renomada Metodologia de Análise e Solução de Problemas - MASP a diversas teorias de Psicologia e Comunicação, permitindo assim a aplicação desta metodologia na análise e resolução de conflitos dos relacionamentos amorosos, de forma simples, prática e eficiente. Criadora do Workshop Choices - Coaching para Casais (com base no método MASP-Choices, abordando as 15 áreas de conflitos mais comuns nos relacionamentos e as estratégias para amenizá-los). Palestrante. Fique à vontade para entrar em contato!
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