Como compreender a disfunção sexual
Por que algumas pessoas tem experiências sexuais maravilhosas e outras apresentem dificuldades que parecem , muitas veze, “sem solução”? A notícia é que muitas delas tem sim solução, e ela está relacionada às diversas variáveis da subjetividade individual, ou seja, em um alinhamento saudável entre as atitudes, emoções, pensamentos, ações e reações fisiológicas que culminam em grande experiências orgásmicas.
Durante a terapia de casal, essas variáveis são analisadas uma a uma e sempre de acordo com as suas interligações, até que juntos, terapeuta e cliente possam encontrar a causa principal do efeito psicológico que uma possível falta de alinhamento possa causar ao cliente.
Portanto, quando uma pessoa tem experiências sexuais disfuncionais, alguma parte da sua experiência está desalinhada e a função da terapia é identificar qual fator precisa de mudanças – crenças, estado subjetivo, processos internos, comportamento externo ou reação fisiológica – e ajustá-lo.
Nesse post ( o 1º da série “Como compreender a disfunção sexual”) falarei apenas dos processos internos.
Por exemplo, se o diálogo interno do eu marido ou da sua esposa está perturbado (“Não vai dar outra vez”, ou “Ele não se importa mesmo comigo”) provavelmente será difícil atingir uma experiência sexual gratificante. O mesmo ocorre quando há pensamentos do tipo “Será que ele/ela está reparando nas minhas manchas ou estrias?”, ou mesmo se a pessoa não sente qualquer prazer sensual pessoal na simples experiência de ser um homem ou uma mulher (mulheres ou homens que não se sentem minimamente atraentes e nem valorizam a sua feminilidade ou masculinidade).
Portanto esses processos internos desempenham um importante papel no contexto da experiência sensual. Se durante o ato sexual uma pessoa está pensando sobre a lista de compras do dia seguinte, a intensidade da experiência sexual será drastica-
mente diminuída, independentemente da boa qualidade das preliminares ou de qualquer outra coisa. A mesma coisa acontecerá se, enquanto faz amor, mulher imagina uma cena conflituosa (vamos dizer, uma discussão com a mãe) ou
ouve vozes internas (como o pai dizendo: “Boas meninas não fazem essas coi-
sas”, ou sua própria voz perguntando: “Será que ele está cansado?”).
Esse “desvio de atenção” faz com que a pessoa não se entregue totalmente as sensações relacionadas à atividade sexual em si, causando, portanto, o seu enfraquecimento ou até “anulamento”, como a impotência ou dificuldade em manter a ereção para os homens e a total ausência ou redução dos orgasmos para as mulheres.
Portanto, assim como os processos internos podem ser usados para intensificar a experiência sexual ( por meio de fantasias por exemplo), eles também pode causar o efeito contrário, dificultando a obtenção de prazer.
Como a terapia psicológica pode ajudar nesses casos? Ao analisar todas as variáveis – crenças, estado subjetivo, processos internos, comportamento externo ou reação fisiológica – o profissional irá identificar as causas principais e auxiliar o cliente a modificá-las de forma eficiente, visando, inclusive, orientá-lo para que ele consiga intensificar, de forma autônoma, as próprias experiências sexuais.