Casamento entre personalidades muito diferentes
É muito comum nos sentirmos atraídos por pessoas que se mostram um pouco ( ou às vezes até muito) diferente de nós. Seja pelas características que desejaríamos ter e vemos e admiramos no outro ou também por aquelas características que não gostamos em nós e vemos que o outro também não tem. Por exemplo, uma pessoa mais impulsiva e inconsequente pode ter certa admiração e atração por pessoas que se mostrem mais ponderadas porque as vêem como pessoas mais maduras – algo que se desejaria ser também, ou vice-versa, uma pessoa mais “ponderada”, que pensa mais antes de agir, pode admirar uma pessoa mais espontânea, justamente por sentir que esta última tende a aproveitar melhor os momentos da vida, sem ter que “pensar tanto em tudo”. Mas isso tudo são apenas pontos de vista, pois a realidade pode ser bem diferente.
No entanto, a partir do momento em que um casal se une e, principalmente, a partir do momento em que passam a dividir o mesmo teto esses diferentes perfis podem trazer conflitos destrutivos para a relação. Conflitos sempre existirão e são até saudáveis, pois fazem ambos crescerem e aprenderem com as diferentes visões de cada um; o perigo é quando esses conflitos são destrutivos, tendo, portanto, potencial para minar o amor e destruir a relação.
E como então os casais podem perceber melhor essas diferenças para poderem se proteger desses conflitos? Aprendendo mais sobre a forma de funcionamento da própria personalidade e também da personalidade do seu marido ou esposa.
Atualmente, um dos testes mais completos sobre esse assunto foi criado com base nos estudos do médico e psicoterapeuta Carl G. Jung, e chama-se Myers-Briggs Type Indicator, – MBTI, ou Indicador de Tipos Psicológicos de Myers-Briggs.
O MBTI ajuda a identificar, ao todo, 16 diferentes tipos psicológicos e é a avaliação de personalidade mais amplamente utilizada no mundo.
Os 16 tipos se baseiam em uma combinação entre dois diferentes tipos de atitudes: a introversão e a extroversão; e entre quatro diferentes tipos de funções (que indicam as preferências de funções pelas quais as pessoas tendem a compreender e interpretar a realidade): pensamento, sentimento, percepção ou intuição.
Dentro desses perfis, conseguimos identificar, por exemplo, a forma como as pessoas interpretam as diferentes situações da vida, como raciocinam antes de tomar decisões, o que pesa mais nesses momentos, como elas tendem a avaliar a si mesmas e aos outros, entre muitos outros indicadores.
Um dos aspectos que mais fazem com que essas diferenças causem conflitos nos casamentos é o fato de que as funções são utilizadas sempre em detrimento uma da outra, ou seja, se uma pessoa é muito mais “pensamento”, ela tenderá a ter dificuldades em perceber e lidar com os sentimentos tanto próprios como dos outros. Se por outro lado uma pessoa é muito “sentimento”, a dificuldade maior será com a racionalização. O mesmo acontece com os tipos perceptivos, que tem dificuldade para lidar com as ideias mais abstratas dos tipos mais intuitivos, assim como os tipos intuitivos tendem a apresentar mais dificuldades com fatos mais “concretos”, pois costumam enxergar o mundo por meio de sua intuição e não por meio dos seus 4 sentidos.
Por exemplo, uma relação entre um marido que tende a ser muito mais perceptivo e uma esposa que tende a ser muito mais intuitiva pode trazer conflitos tão maiores quanto forem o grau de suas preferências por cada função, pois se forem muito distantes, eles não terão a “mínima compreensão” sobre a forma como o outro enxerga e interpreta as diferentes situações da vida.
Para esclarecer, veja alguns diálogos comuns entre esses diferentes tipos, considerando que eles sejam bem extremistas, ou seja, com características muito predominantes em cada função:
Tipo muito intuitivo para um tipo muito perceptivo:
“Não acredito que você falou aquilo… Como você não conseguiu perceber que ela não estava no “clima” para falar sobre esse assunto? ” (Os tipos intuitivos tendem a perceber a “atmosfera” dos ambientes e das pessoas, é como se eles tivessem um “faro” que “pega as coisas no ar”; já os perceptivos tendem a perceber as coisas mais concretas e lógicas, portanto nem sempre percebem o que está no “ar”, mas sim fatos que são mais apreensíveis pelos seus quatro sentidos – visão, olfato, tato e paladar).
Tipo muito sentimento para um tipo muito pensamento:
“Eu queria apenas que você compreendesse como me sinto ao ganhar uma TV ao invés de ganhar flores”… ( Os tipos sentimento tendem a ver as coisas de uma forma muito mais carregada de avaliações sentimentais, e os tipos pensamentos tendem a ser mais lógicos. Eles pensam: “Como ela pode preferir flores a uma TV? É algo muito mais útil do que aquelas flores! Não entendo como ela pode preferir uma simples planta, isso não faz sentido nenhum!)
E assim, diariamente, milhares de casais se desentendem por simplesmente “não conseguirem compreender como o outro consegue pensar ou agir de uma forma diferente da dele, pois para si, a sua forma é sempre a única que faz sentido”. E sim, isso é praticamente impossível para ambos os lados, pois é como se a função utilizada com tanta facilidade por um cônjuge, fosse praticamente inexistente na personalidade do outro.
E como a terapia de casal pode ajudar nesse sentido? Durante a análise, o terapeuta de pode ajudar maridos e esposas a 1) compreenderem melhor a sua própria personalidade, 2) compreenderem melhor a personalidade do seu parceiro, 3) identificar com mais facilidade os principais aspectos das personalidades de ambos que pode estar causando a maioria dos conflitos, 4) melhorarem a forma de interpretar as atitudes do outro*, 5) desenvolver a comunicação entre o casal, no sentido de fazer ambos compreenderem melhor o que o outro tem a dizer e também de fazer com que o outro o compreenda melhor. Essas são apenas algumas das melhorias que a terapia de casal pode proporcionar, pois durante o processo de identificação das personalidades, ocorrem muitas trocas e muitos outros aspectos começam a ser tocados e desenvolvidos na relação do casal. Portanto, as sessões são sempre completas e nunca se resumem a identificar uma ou outra situação específica, mas busca sempre melhorar todos os aspectos que precisarem ser desenvolvidos na relação, visando a satisfação dos parceiros, a curto, médio e principalmente a longo prazo, pois a terapia ajudará também o casal a se prevenir frente a novos conflitos.
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