Como lidar com o ciúme no casamento?

A etimologia da palavra ciúme é originária do latim zelúmen ou, ainda, do grego zelosus. As suas origens remetem-se ao vocábulo zelos, o qual significa fervor, calor, ardor ou intenso desejo.

Ciúme é um sentimento diretamente ligado ao desejo de posse e ao medo de perda. Tal sentimento desperta defesas racionais que justificam o perigo ou que, à vezes, até desprezam o objeto de amor. Quando falamos de ciúmes logo o associamos à ideia de triângulo amoroso e este torna-se palco de intensas emoções, algumas ambivalentes, vividas ao mesmo tempo (amor e ódio).

É um sentimento normal em determinado nível, como até mesmo se diz no ditado popular “quem ama tem ciúme”porém, pode tornar-se extremamente perturbador e até perigoso quando se transforma em uma emoção muito intensa.

O ciúme pode ser classificado em 3 tipos, conforme o seu grau de intensidade: ciúme normal ou competitivo, projetado ou delirante.

O ciúme normal ou competitivo pode ser explicado como um ciúme relacionado à concorrência com um rival, isto é, o medo de perder a pessoa amada para outra pessoa (que pode ser um amante, um amigo ou até uma paixão, como o futebol ou o trabalho). Esse tipo de ciúme denota uma ferida narcísica, ou seja, ele afeta a auto-estima o amor próprio de quem sente ciúme.

O segundo grau de ciúme, que seria o projetado, significa que tendemos a projetar nossos próprios impulsos relacionados à infidelidade no parceiro a quem, muitas vezes, juramos fidelidade. Seria a pessoa que acusa o outro de infidelidade porque “transfere” a este os seus próprios desejos por outras pessoas. Essa projeção pode ser feita por uma defesa inconsciente, visando amenizar o próprio sentimento de culpa (por se culpar, a pessoa não consegue aceitar que sente essa vontade, então a ela considera que é o outro parceiro que sente essa vontade de traí-la, o que a faz se sentir mais tranquila em relação a esse sentimento de culpa). A mesma projeção pode também ocorrer devido a um raciocínio consciente, que a pessoa considera “lógico”: como ela sente desejos de trair o parceiro, ela “conclui” que o outro parceiro também sinta o mesmo desejo de traí-la.

O terceiro tipo denominado de delirante, que está dentro das formas de paranoia. Nesse caso, a pessoa se sente uma emoção extremamente intensa e carregada de amargura, pois ela imagina e essa imaginação lhe confere “certeza” de que está sendo traída e enganada. Esse tipo de ciúme faz com que a pessoa crie estórias, ardis e mentiras que irão compor um quadro, que por conta de sua “clarividência” , parece lhe “abrir os olhos” para a traição. A pessoa começa a encontrar “provas” da infidelidade do parceiro, e começa a descobrir intenções para cada gesto, que a partir de seus raciocínios e “descobertas” passam a se confirmar e a se encaixar como se tivessem realmente acontecido. Parentes e amigos chegam até a acreditar nos relatos dessas pessoas. Esse tipo de ciúme é perigoso e pode causar riscos à saúde emocional e até física de todos os envolvidos, principalmente o parceiro que está sendo acusado de traição. É um tipo de transtorno que deve ser urgentemente tratado para se prevenir de indesejáveis consequências. A intensidade dessa emoção é tão forte e negativa que acaba por tornar-se uma bola de neve. São casos onde é necessário muito tratamento e principalmente AMOR para combatê-lo, pois é a positividade da energia do amor que ajudará a abrandar essas emoções tão negativas.

De uma forma ou de outra e, independentemente da classificação de grau que são dadas pelos psicólogos, o ciúme, quando começa a perturbar a relação de um casal, (pouco ou muito) deve ser combatido com soluções assertivas e realmente eficazes, ou seja, que realmente poderão “atacar a raiz do problema”. Portanto, além de ajuda terapêutica, o mais importante é que se tenha em mente a raiz de todo o tipo de ciúme: a sensação de falta do amor do outro, que é percebido, pelo ciumento, como se tivesse sido “transferido” para outra pessoa. Portanto, podemos concluir que essa incômoda emoção pode ser remediada de uma forma muito mais imediata e sábia, através da compreensão, e da maior atenção ao sentimento próprio e do parceiro , por meio de uma genuína e autêntica demonstração de Amor.

Amor é panaceia. Resolve todos os males. É apenas dele que todos precisamos, a diferença entre todos nós é que cada uma demonstra essa necessidade de uma forma, e o sentimento de ciúme é uma delas.

Portanto, a dica mais importante para superar o ciúmes, é que o casal se atente para o amor, tanto quem sente quanto quem causa essa emoção no outro, principalmente porque existem também muitos casos em que os parceiros desejam causar ciúme no outro e essa também é considerada uma forma de pedir amor, um tanto inadequada sim, mas não deixa de ser uma ingênua e mal elaborada forma de chamar atenção do outro e reivindicar o seu amor.

Nesse caso, concordo inteiramento com os Beatlles: “All we need is love“.

Sobre a profissional
Cintia Fernandes | Terapeuta de Casais. Psicóloga especializada em Terapia de Casais. Atendimento presencial (consultório em Curitiba) ou online. Atendimento de Casais e de Adultos Individual. Parceria com Babá (caso necessário, possuo parceria com uma babá para cuidar dos seus filhos durante a sessão, e no mesmo local do atendimento - na recepção que fica dentro do consultório, com uma caixa de brinquedos). A recepção ficará trancada e a chave ficará apenas comigo, de forma que ninguém possa entrar ou sair, garantindo assim a segurança dos seus filhos e a sua tranquilidade). Graduação em Psicologia pela PUCPR - 2005. Formação em Terapia Sistêmica de Casais – Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família – INTERCEF. Formação em Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia Cognitiva - NYC Institute for Schema Therapy. Curso de Terapia de Casais – Centro de Estudos Avançados de Psicologia – CEAP. Atendimento com abordagem multidisciplinar, incluindo as duas abordagens consideradas mais eficientes para a Terapia de Casais: a Cognitivo-comportamental e a Terapia do Esquema, incluindo alguns conceitos da Teoria do Apego, da Gestalt , da Psicologia Sistêmica e da Psicologia Analítica. Idealizadora e criadora do método "MASP Choices", que associa a renomada Metodologia de Análise e Solução de Problemas - MASP a diversas teorias de Psicologia e Comunicação, permitindo assim a aplicação desta metodologia na análise e resolução de conflitos dos relacionamentos amorosos, de forma simples, prática e eficiente. Criadora do Workshop Choices - Coaching para Casais (com base no método MASP-Choices, abordando as 15 áreas de conflitos mais comuns nos relacionamentos e as estratégias para amenizá-los). Palestrante. Fique à vontade para entrar em contato!

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